No ano de 1944

No contexto da Segunda Guerra Mundial, é publicada uma reportagem no n.º 153 do jornal O Concelho de Rio Maior, em que é dada voz ao então Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Rio Maior, João Ferreira da Maia, que relata “a situação angustiosa” com que se debatia o Hospital da Misericórdia, face às “dificuldades creadas pela guerra”, ao “aumento de 200% e mais” dos medicamentos e do “preço da alimentação dos doentes e do pessoal”, resultado direto do número de pessoas que se haviam fixado em Rio Maior “por virtude da exploração intensa das Minas do Carvão”, rodando o milhar e meio de pessoas “de saúde abalada” e a viver em condições habitacionais precárias.

Na segunda página do jornal alertava-se, no encalço, para a “necessidade, absoluta e urgente, de se conseguir dinheiro, géneros e medicamentos para o Hospital”, sob pena do mesmo ser encerrado.

A solução era apontada na quarta página, dando-se conhecimento de que um grupo de “Irmãos” da Santa Casa da Misericórdia pretendia organizar um Cortejo de Oferendas em benefício do Hospital.

O primeiro destes cortejos irá realizar-se no dia 17 de dezembro de 1944, e a iniciativa repetir-se-á nos anos vindouros, sempre com notável participação, constituindo não só uma demonstração da solidariedade das gentes, mas também um autêntico momento de celebração e convívio.

Atente-se a esta passagem, publicada a 1 de janeiro de 1945 no supracitado jornal: “Os de mais idade, os homens mais respeitaveis de todo o concelho, corriam os seus Lugares a recolher os donativos dos visinhos. E em tôda a parte encontravam o melhor acolhimento, a mesma generosidade, o mesmo carinho pelo Hospital. A gente nova, rapazes e raparigas, alegria dos campos, despicavam-se na ornamentação dos carros, linda, com seus efeitos garridos, com aquele cunho de ineditismo e graciosidade, que só a boa gente do povo das nossas aldeias sabe traduzir.”

Fonte: Concelho de Rio Maior A9 N153, 01-11-1944 e A10 N156, 01-01-1945.