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Villa Romana

 

 

 

 

DESCOBERTA

O que levou à descoberta da Villa romana de Rio Maior, em 1983 foram as referências existentes num livro sobre a história de Rio Maior, de Francisco Pereira de Sousa, onde ele nos relata que no séc. XIX, um lavrador ao lavrar o seu campo, puxou para fora da terra dois fustes de coluna em mármore, um deles com cerca de 4 metros de comprido, tendo ainda encontrado fragmentos de mosaico. Outro agricultor ao andar a cavar encontrou uma sepultura de tijoleira.

 

Com base nestas informações os Serviços de Arqueologia procederam a uma prospecção de campo, ou seja, percorreu os terrenos vazios em redor e na cidade de Rio Maior até se localizar um com vestígios romanos à superfície.

 

A partir de 1991, começa a surgir uma certa pressão urbana neste sentido aliada à necessidade de expansão do cemitério de Rio Maior.

 

Perante esta nova realidade os Serviços de arqueologia da Câmara Municipal de Rio Maior procederam a sondagens arqueológicas, em 1992 e 1993, de modo a avaliar a extensão e grau de conservação dos vestígios romanos existentes no subsolo.

  

Nestas sondagens pôs-se a descoberto uma grande quantidade de mosaicos e várias peças de onde se destaca a Ninfa, indicadores bastante seguros e claros de que estávamos perante uma Villa Romana muito importante e bem conservada.

 

em 1995 se reuniram condições necessárias para o início das escavações em toda a área, tendo sido realizadas 4 campanhas sazonais de trabalhos arqueológicos (de 1995 a 1999) sobre a coordenação e direcção do Dr. José Beleza Moreira em parceria com o Arqueólogo da Edilidade.

 

 

O QUE É UMA VILLA

“O termo Villa designava, em latim, uma herdade, com seus campos cultivados [Agri], seus pastos [Saltus], sua mata [silva] e a parte edificada que lhe assistia e donde o dono a governava. (…) Três partes compunham a área edificada: a pars urbana, residência do proprietário: a pars rustica, onde se alojavam os criados: e a pars fructuaria, que reunia adega e lagares, celeiro, estábulos e redis de gado, palheiro, áreas telhadas para vários fins e mesteres, vários resguardos.” 

 

Os proprietários?

Cada cidade romana tinha um senado (correspondente à Câmara e Assembleia Municipal) a que pertenciam os homens mais importantes, os decuriões. Estes obtinham a sua fortuna e rendimentos da exploração da terra. Tinham a sua casa na cidade e também possuíam uma no campo.

O poder económico e elevado estatuto na hierarquia romana do proprietário de uma villa reflecte-se no requinte e luxo da decoração da mesma, em especial no tratamento do próprio soalho. A presença de grande número de salas pavimentadas com mosaico (no caso de Rio Maior corresponde à totalidade da área posta a descoberto), associado à estatuária e outros produtos de luxo, é disso uma evidência segura.

 

Extensão?

As villas poderiam possuir um território com cerca de 250 hectares.

Onde poderíamos encontrar, entre outras coisas, vinhas, olivais, trigo, leguminosas, rebanhos de ovelhas e cabras, varas de porcos, e ainda bovídeos. Matas para lenha, caça e obtenção de mel.

 

AS RUÍNAS DA VILLA ROMANA DE RIO MAIOR

A nossa villa romana foi construída junto ao rio Maior e dominaria todo o vale e terrenos férteis onde hoje se encontra implantada a nossa cidade, na actualidade a paisagem está totalmente diferente e as ruínas encontram-se zona periférica do centro histórico da cidade de Rio Maior, dentro dos limites da antiga aldeia.

 

O terreno onde se encontram as ruínas era usado para a agricultura de cultivo tradicional, o que evitou a destruição dos vestígios no subsolo.

 

A Villa como a encontramos data do séc. III/IV, mas existem vestígios de uma construção anterior, talvez do séc. I.

 

A Villa terá sido abandonada no séc. IV.

 

Nesse período foi saqueada e ainda serviu de abrigo ou habitação temporária, pois uma das salas mais importantes, a sala circular revestida a mosaico, serviu de lixeira.

 

Até ao presente momento dos trabalhos arqueológicos apenas estamos a explorar parte da Pars Urbana da Villa, ou seja, a área onde o proprietário vivia com a sua família, mas desta área senhorial ainda nos falta pôr a descoberto outras zonas da casa, localizar o templo e os banhos ou termas, etc.

 

A inexistência de paredes deve-se ao facto de, pelo menos desde o séc. XII, o local ter servido para obtenção de materiais de construção (pedra, cantarias e outros elementos arquitectónicos) para os habitantes da aldeia de Rio Maior.

 

A Villa estava coberta com uma boa camada de entulho e detritos acumulados ao longo de centenas de anos, mas mantinha paredes à superfície do solo. As pessoas limitavam-se a seguir as paredes para as desmantelarem, incluindo as fundações.

 

As divisões de uma casa romana são geralmente pequenas e, para além dos móveis era comum usarem na sua decoração pinturas murais ou frescos, placas de mármore, algumas com decoração, mosaico, pequenas estátuas que podiam representar deuses ou bustos de imperadores ou de antepassados da família.

 

Para a separação das divisões interiores da casa era comum o uso de cortinados.

 

A iluminação era conseguida através de algumas janelas normalmente gradeadas e sem vidro, e do peristilo e ainda usando candeias de azeite (lucernas).

 

Peristylium

É composto átrio (atrium) rodeado por colunas com um tanque ao centro, que recebia as águas da chuva, provenientes do telhado.

Era em torno deste que, normalmente, se desenvolviam as diversas salas da casa, quartos, escritório, sala de jantar, biblioteca, etc.

O peristylium fornecia luz e arejamento à casa e o tanque tornava-a mais fresca.

No presente temos a descoberto um de pequenas dimensões (8, 25 m x 3,60 m).

 

Tablinum

É a sala principal ou divisão nobre da casa romana, ainda não foi identificada, com absoluta segurança.

 

Triclinium

Era a sala das refeições e uma das mais importantes, até agora foi identificada uma.

 

Cubicula

Eram os quartos de dormir, temos dois a descoberto.

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